segunda-feira, 6 de junho de 2011

Capítulo do meu livro, Encontrando a felicidade

Olá pessoal!
Hoje vou compartilhar com vocês o primeiro capítulo do meu segundo livro, Encontrando a felicidade.
 Espero que gostem!

Capítulo I: A Notícia

Era sábado, a chuva caía muito forte do lado de fora. O barulho da água batendo na janela era insuportável. Guilherme estava impaciente, andando de um lado para o outro. Sua mãe, Lourdes Nunes, estava sentada numa cadeira, observando o nervosismo de seu filho.
— O que está acontecendo com você, Guilherme? — finalmente perguntou Lourdes. — Por que está nervoso?
— Eu não sei, mãe. De uma hora pra outra eu comecei sentir uma agonia, algo de ruim está prestes a acontecer. — respondeu Guilherme, fitando um ponto invisível em sua frente, sem desviar o olhar.
— Vira essa boca pra lá, menino. Não vai acontecer nada de ruim. — disse Lourdes, tentando acalmar Guilherme, que agora estava parado na janela, olhando para fora como se procurasse alguém.
— Cadê meu pai?
— Ele ligou, dizendo que ia ficar até mais tarde. Hoje o dia foi muito corrido na empresa, pediram pra ele ficar fazendo hora.
— Estou preocupado com ele, mãe. Liga pra saber se está tudo bem.
— Pra que? Guilherme tira isso de sua cabeça. Está tudo bem com ele. Não há com o que se preocupar.
Guilherme não disse nada, continuou olhando pela janela, mas a única coisa que via era a chuva forte que caía pela rua. Seu coração estava desesperado, preocupado demais com seu pai. Mas como Lourdes disse para não se preocupar, ele resolveu tentar tirar aquilo de sua cabeça. Afinal, seu pai estava apenas trabalhando, coisa que ele sempre fazia. O que poderia lhe acontecer?
Lourdes era uma mulher muito jovem, pra quem já era mãe de um rapaz com 17 anos de idade. Seu rosto era redondo e angelical. Ela tinha lindos olhos cor de mel, dentes brancos como a neve, e uma pele lisa, quente e morena. Seu cabelo era longo, castanho e cacheado, batia na cintura.
Guilherme era um jovem simpático, pele morena igual a da mãe, cabelo liso e preto. Olhos castanhos escuro. Ele era alto e forte. Tinha uma cicatriz no queixo, causada por uma queda de cavalo na sua infância.
Após vários minutos, paralisado na janela, Guilherme foi para seu quarto. Ele precisava se distrair. Queria fugir daqueles pensamentos que tentavam invadir sua mente. Seu pai, Carlos Manuel, era seu chão, seu porto seguro. Guilherme era apegado demais com ele, nem conseguia imaginar sua vida sem a sua companhia.
Ele entrou em seu quarto, fechou a porta bem devagar e passou a chave, não queria ser incomodado. Então se sentou numa cadeira giratória e começou a girar bem devagar. A expressão em seu rosto era de pavor misturado com desespero. Um desespero que nem ele sabia explicar.
Mais uma vez lembrou-se do que Lourdes disse e tentou não pensar no pior, mesmo sentindo que havia algo fora do normal. Algo que se já não tivesse acontecido, estava prestes a acontecer. De uma coisa Guilherme tinha certeza... Era com seu pai. Ele podia sentir o perigo se aproximando. Ele passou a mão no rosto e percebeu que estava suando frio.
Entrar em pânico não era o que queria naquele momento. Guilherme olhou para seu laptop que estava em cima da escrivaninha, que ficava em um canto no seu quarto e resolveu navegar na Internet, para amenizar sua agonia. Então ele o ligou e começou acessar diversos sites, os que mais gostava eram os de jogos on-line e relacionamento.
Guilherme começou a conversar com vários amigos on-line e percebeu que sua tentativa de distrair-se estava funcionando. Pois aquele sentimento ruim estava diminuindo rapidamente. Todas as vezes que Guilherme sentava de frente ao seu laptop o mundo podia acabar, que ele nem percebia. Era impressionante o poder que esse aparelho tinha sobre ele. Seus olhos agora brilhavam, era como se ele estivesse vendo aquelas pessoas através da tela do laptop.
De repente um outro sentimento invadiu sua alma, era algo mais forte do que aquela agonia. Era como se uma grande ferida tivesse sido aberta dentro dele com uma faca, sem anestesia. Naquele momento Guilherme parou de teclar com os amigos. Seu corpo paralisou, os movimentos dos dedos pararam. Ele congelou por alguns segundos.
Na mesa tinha um aquário quadrado com um peixe dentro. Ele era pequeno, azul claro e tinha uma calda encantadora. O seu peixe chamou sua atenção. Os olhos de Guilherme viraram-se para o peixe que nadava rapidamente de um lado para o outro. Ele percebeu que o peixe estava desesperado dentro daquele aquário. Era como se não conseguisse respirar embaixo d’água.
— O que será que está acontecendo?  Será que você consegue sentir o mesmo que eu? — perguntou Guilherme para o peixe, que agora estava nadando mais rápido que nunca. Ele podia sentir a agonia do peixe.
— Guilherme, abre essa porta. — gritou Lourdes, dando fortes pancadas na porta que estava trancada.
Guilherme saltou da cadeira ao ouvir o desespero de sua mãe. Correu para abrir a porta. Sua respiração estava ofegante, e o coração disparado.
— O que houve, mãe? Por que está chorando desse jeito?
Lourdes não disse nada, apenas o abraçou, desesperadamente, e começou chorar. Ela estava soluçando no peito de Guilherme. Lourdes tremia, abraçada com ele.
— Mãe, pelo amor de Deus, me conta o que está acontecendo. — suplicou Guilherme, afastando o rosto de Lourdes para ver sua expressão. — Fala, mãe!
— Seu pai... — foi tudo o que ela conseguiu dizer. Seus lábios tremiam.
— O que tem ele? Fala! – Guilherme já estava impaciente.
Lourdes
— Mãe, o que aconteceu com ele? Por favor, me conta.
— A empresa pegou fogo e seu pai não conseguiu sair. Ele ficou preso numa sala... — Lourdes parou de falar para recuperar o fôlego. — Ele morreu, meu filho. O segurança ligou e disse que o corpo ficou irreconhecível.
— Que brincadeira sem graça é essa, mãe? Que absurdo! Ele não morreu! Vai chamar ele. — Guilherme não acreditou no que acabou de ouvir.
— Não é brincadeira, Guilherme.
Guilherme ficou parado uns cinco segundos e depois olhou, incrédulo, para Lourdes. Ele nem conseguia imaginar uma coisa dessas acontecendo com Carlos. Para ele, seu pai era imbatível, nem mesmo a morte conseguiria vencê-lo.
— Pai... Cadê você? — perguntou Guilherme, enquanto saia de seu quarto à procura dele. — Eu não caí nessa brincadeira, pode aparecer agora.
Agora ele andava, desesperado, pela sala olhando para todos os lados. Tudo o que ele mais queria era ver seu pai de pé, sorrindo e dizendo que estava vivo, bem vivo. Guilherme andou pela sala e não encontrou Carlos. Então começou a ficar nervoso. O nervosismo não era de medo, pois ele não acreditou no que ouviu de Lourdes, e sim de impaciência por não encontrá-lo.
Como não o encontrou na sala, foi para a cozinha. Mas não o encontrou. Então correu para o quarto de Carlos. Guilherme andou a casa toda à procura dele. Seu coração começou a doer. Ele estava começando a acreditar na verdade. O problema era que essa verdade era tudo o que seu coração não queria. Mesmo não encontrando seu pai, ele lutou contra seus pensamentos, para não acreditar nisso.
Guilherme sentou no chão, no canto do quarto de Carlos e ficou, mais uma vez, paralisado. Era como se ele tivesse dormindo de olhos abertos, completamente em transe. Guilherme podia ouvir uma voz gritando, desesperada, em seu coração. Era a voz da tristeza de sua alma. Aceitar que seu pai estava morto, logo seu pai, era difícil demais para ele.
Não demorou muito e Lourdes o alcançou. Ela entrou no quarto e viu Guilherme espremido no chão. Sua aparência era de uma pessoa morta-viva, como nos filmes de terror. Ele parecia um zumbi. Não se movia, nem piscava os olhos, apenas respirava. O silêncio foi quebrado assim que Lourdes entrou no quarto.
— Guilherme, você está bem?
Silêncio!
— Meu filho, diga alguma coisa. — Lourdes segurava e chacoalhava seus braços, para ver se realmente ele estava vivo.
— Ele não morreu... — sussurrou Guilherme, fitando Lourdes, que estava agachada ao seu lado.
— Está difícil de acreditar... Mas é a realidade, Guilherme. — Lourdes agora estava chorando, não conseguiu disfarçar sua dor.
— Isso não podia ter acontecido, mãe. Meu pai não! — Guilherme começou a chorar, seu rosto ficou vermelho demais. As veias em seu pescoço pareciam que iam estourar. — Eu odeio essa vida! Odeio Deus! Odeio tudo! Eu me odeio, mãe.
— Não diga uma coisa dessas. Você não tem culpa de nada.
Lourdes tentou abraçá-lo, mas não conseguiu. Guilherme já estava de pé, completamente transtornado. Parecia outra pessoa. Seus olhos ficaram vermelhos de tanto ódio. Ele chorava com muita intensidade, as lágrimas desciam rápido demais em seu rosto e pingavam no chão. Seu coração estava cheio de raiva, ódio, apenas sentimentos ruins. 
— Guilherme, não vai adiantar nada você...
Lourdes parou de falar, pois percebeu que estava sozinha no quarto. Guilherme saiu correndo. Estava muito perturbado para ouvir qualquer coisa.

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